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John Lennon: A Vida - Philip Norman

Surpreendentes revelações até então desconhecidas sobre a vida e a personalidade de John Lennon.

john lennonJOHN LENNON: A VIDA, de Philip Norman (tradução de Roberto Muggiati; Companhia das Letras; 856 páginas)

Biografias de John Lennon existem às pencas. O diferencial do livro de Philip Norman – que já havia escrito uma biografia dos Beatles – foi retratar o autor de Imagine de uma perspectiva muito equilibrada, sem sensacionalismo, mas também sem beatificar o biografado. O livro é realmente completo: narra a trajetória dos Beatles e a carreira-solo de Lennon com uma atenção impressionante às minúcias, iluminando a personalidade surpreendentemente insegura e contraditória de John Winston Lennon. O músico teve uma infância problemática: desgarrado do pai e da mãe divorciados, viveu grande parte da infância com uma tia, Mimi, em Liverpool, experiência que lhe deixou a sensação de não ser amado. Reaproximou-se da mãe, Julia, na adolescência – e Norman levanta a hipótese, que não chega a provar, de que ambos poderiam ter tido uma experiência incestuosa. O cantor também se sentia atraído pelo companheiro Stu Sutcliffe (que morreu antes de os Beatles gravarem seu disco de estreia), mas se enfurecia se levantassem alguma dúvida sobre sua heterossexualidade. Norman exime-se de fazer análises mais profundas sobre esses demônios íntimos do cantor assassinado em 1980. Ele apenas apresenta os fatos e espera que o leitor tire suas conclusões.

Origem: veja.abril

Trecho de John Lennon: A Vida, de Philip Norman

1. Filho da guerra
Nunca me quiseram, na verdade.


John Lennon nasceu com um dom para a música e a comédia que o levariam muito mais longe de suas raízes do que poderia ter sonhado. Quando jovem, foi atraído para longe das ilhas Britânicas pelo glamour e a oportunidade aparentemente infinitos do outro lado do Atlântico. Alcançou o feito raro para um artista britânico de apresentar música americana para os americanos e tocá-la de modo tão convincente quanto um profissional nativo, ou ainda melhor. Durante vários anos, seu grupo excursionou pelo país, deleitando platéias em cidade após cidade com seus ternos berrantes, cabelos engraçados e contagiantes sorrisos de felicidade.

Este, naturalmente, não era o Beatle John Lennon, mas o seu avô paterno homônimo, mais conhecido como Jack, nascido em 1855. Lennon é um sobrenome irlandês - de O'Leannain ou O'Lonain - e Jack costumava dizer que havia nascido em Dublin, embora existam indícios de que, algum tempo antes, sua família tivesse atravessado o mar da Irlanda para se tornar parte da extensa comunidade hibérnica de Liverpool. Ali ele começou a ganhar a vida como escriturário, mas na década de 1880 seguiu um impulso comum entre seus compatriotas e emigrou para Nova York. Enquanto a cidade transformava outros imigrantes irlandeses em operários ou policiais, Jack virou membro da trupe Coloured Operatic Kentucky Minstrels [Menestréis Operáticos de Cor do Kentucky], de Andrew Roberton.

Por mais breve ou informal que tenha sido seu envolvimento, isto fez dele parte da primeira leva transatlântica de música popular. As trupes americanas de menestréis, em que brancos enegreciam o rosto, usavam colarinhos enormes e pantalonas listradas e entoavam refrões sentimentais sobre o Velho Sul, os "crioulos" e os "neguinhos", eram imensamente populares no final do século xix, seja como intérpretes seja como criadores de canções de sucesso. Quando os Coloured Operatic Kentucky Minstrels excursionaram pela Irlanda em 1897, o Limerick Chronicle os chamou de "os consagrados mestres mundiais da refinada arte dos menestréis", enquanto o Dublin Chronicle os considerou o melhor desses grupos que por lá passara. Um almanaque da época registra que a trupe contava cerca de trinta integrantes, incluía artistas negros genuínos entre os fictícios e se distinguia pelo fato de desfilar pelas ruas de cada cidade onde se apresentava.

Para esse John Lennon, ao contrário do neto que ele jamais conheceria, a música não trouxe fama mundial, mas foi um mero interlúdio exótico, cujos detalhes, em sua maioria, jamais chegariam aos ouvidos de seus descendentes. Em torno da virada do século, ele largou para sempre a estrada, voltou para Liverpool e retomou a antiga vida como escriturário, desta vez na companhia de navegação Booth. Com ele veio sua filha, Mary, único fruto de um primeiro casamento que não sobrevivera ao seu mergulho temporário no mundo da maquiagem com rolha queimada, música de banjo e aplausos.

Quando Mary o deixou para trabalhar como empregada doméstica, uma velhice solitária parecia estar reservada para Jack. Este, porém, escapou de tal destino ao casar com sua empregada, uma jovem irlandesa de Liverpool com o nome afortunadamente coincidente de Mary Maguire. Embora vinte anos mais moça e analfabeta, Mary - mais conhecida como Polly - se revelou uma perfeita esposa vitoriana, prática, trabalhadora e abnegada. Moravam em uma casa minúscula num conjunto de residências geminadas em Copperfield Street, em Toxteth, uma área da cidade apelidada de "Dickenslândia", tão numerosas eram ali as ruas batizadas com nomes dos personagens do escritor. Um tanto como Micawber em David Copperfield, Jack às vezes falava em voltar à vida de menestrel e ganhar o suficiente para que sua jovem esposa pudesse, como ele dizia, "peidar na seda". No entanto, dali em diante, sua atividade musical se restringiria aos pubs locais e ao seu próprio círculo familiar.

O casamento de Jack com Polly proporcionou-lhe uma segunda família com oito filhos. Dois morreram ainda bebês, o que a supersticiosa Polly atribuiu ao fato de terem sido batizados como católicos. Os outros seis receberam batismos protestantes e todos sobreviveram: cinco meninos - George, Herbert, Sydney, Alfred e Charles - e uma menina, Edith. Polly teve um trabalho heróico para alimentar a todos com o modesto salário de Jack. Mas sua dieta principalmente de pão, margarina, chá forte e lobscouse - um ensopado de carne e biscoito que faria com que os liverpudlianos ficassem conhecidos como scouses - carecia cronicamente de nutrientes essenciais. Isto afetou sobretudo o quarto menino, Alfred, nascido em 1912, que pouco depois de começar a andar contraiu raquitismo, o que prejudicou o desenvolvimento de suas pernas. O único tratamento conhecido pelos pediatras naqueles tempos era encaixar as pernas em suportes de ferro, na esperança de que o peso adicional promovesse o crescimento e o fortalecimento dos membros. Todavia, apesar dos anos que passou com o fardo dos suportes metálicos, as pernas de Alf permaneceram débeis e curtas, e ele não cresceu mais do que 1,62 metro. Ainda assim, era um rapaz bonito, com abundantes cabelos escuros, olhos alegres e o nariz característico da família Lennon, um bico fino virado para baixo com fendas acentuadas sobre as narinas.

O talento musical de Jack foi transmitido aos seus filhos em graus distintos. George, Herbert, Sydney, Charles e Edith eram cantores passáveis, e os meninos tocavam gaitas-de-boca, o único instrumento acessível a jovens naquelas circunstâncias. Alf, porém, revelava habilidade de ordem bem mais elevada, aliada ao que seu irmão Charlie (nascido em 1918) chamava de uma "vontade de se mostrar". Dava conta de todas as canções do teatro de variedades e das óperas ligeiras que freqüentavam a parada de sucessos da Primeira Guerra; sabia recitar baladas, contar anedotas e fazer imitações. Sua especialidade era Charlie Chaplin, o pequeno vagabundo anárquico cujos filmes cômicos haviam criado o fenômeno sem precedentes de um artista famoso no mundo inteiro. Em reuniões de família, Alf sentava-se no colo do pai com suas pernas de ferro e os dois cantavam juntos "Ave Maria", com lágrimas de emoção escorrendo pelo rosto.

Jack morreu de doença do fígado, provavelmente causada pelo alcoolismo, em 1921. Incapaz de sobreviver com a pensão de viúva proporcionada pelo Estado, de cinco xelins semanais por filho, Polly não teve outra saída senão lavar roupa para fora. Esse era um trabalho de quebrar as costas e escaldar as mãos: desde as quatro da manhã até o anoitecer, ela esfregava a roupa suja de cama e mesa de estranhos numa tábua de lavar e depois espremia os rolos de pano ensopado em uma pesada calandra de ferro. Ainda assim, lembra sua neta Joyce Lennon, a casa pequena e apertada estava sempre imaculada com "assoalhos nos quais dava para comer", o fogão e o forno religiosamente engrafitados toda segunda de manhã, a soleira na porta de entrada brunida até ficar quase branca e depois delineada em vermelho com uma lasca de arenito. Polly comandava seus cinco filhos como a sra. Joe em Grandes esperanças, não hesitando em castigá-los com uma correia de couro mesmo quando eram quase homens feitos. Como muitos liverpudlianos mais simples, ela tinha seu lado místico, acreditando ser médium, capaz de ler o futuro em cartas de baralho ou nos desenhos formados pelas folhas de chá no fundo de uma xícara.

Todavia, por mais que Polly trabalhasse duro, a tarefa de sustentar a prole de seis estava além de suas forças. Felizmente, encontrou-se um jeito de tirar Alf e Edith de suas mãos sem desagregar a família ou magoar seu feroz amor-próprio. Foram oferecidas a ambos vagas em regime de internato no Bluecoat Hospital, uma escola de caridade fundada em 1714 na Church Road, em Wavertree, nas proximidades de uma então obscura via pública chamada Penny Lane. Os alunos do Bluecoat ainda envergavam o uniforme adotado no século xviii, de casaca azul com botões dourados, calções amarrados nos joelhos, meias e plastrão. O nível educacional era alto, a disciplina não era inclemente e qualquer criança ali admitida era considerada afortunada. A despeito disso, foi traumático para Alf e Edith deixar o lar confortável e limpo em Copperfield Street e a mãe adorada. Dos dois, o jovial Alf ajustou-se melhor à vida da instituição: saía-se bem nas lições, tornou-se o mascote do time de futebol e divertia os companheiros de dormitório com os mesmos esquetes de canto e dança e de Charlie Chaplin que costumava fazer para a família e os vizinhos.

Desde a mais tenra infância, seu desejo era seguir o pai na vida artística. Certa noite, já com catorze anos, isso quase se tornou realidade quando o irmão Sydney o levou ao Teatro Empire em Lime Street para ver uma trupe juvenil de canto e dança chamada Will Murray's Gang. Terminado o espetáculo, Alf, na base da conversa, entrou nos bastidores e fez uma apresentação improvisada para Will Murray, o diretor da trupe, que imediatamente lhe ofereceu um emprego. Quando seus irmãos Herbert e George, agora in loco parentis, se recusaram a aceitar a idéia, Alf fugiu do Bluecoat Hospital e juntou-se à Gang, que estava a caminho de Glasgow para a apresentação seguinte. Mas um professor do Blue coat foi atrás dele, levou-o de volta e o submeteu a um ritual de humilhação diante de todos os colegas reunidos.

Um ano depois, o Bluecoat o jogou no mundo, equipado com uma boa formação, assim como dois ternos de calças compridas para confirmar seu ingresso no mundo adulto. Ele passou algumas semanas infelizes como contínuo antes de se dar conta de que uma carreira muito melhor - algo, na verdade, quase comparável a subir no palco - estava debaixo do seu nariz. Pois aquela era a época dourada dos transatlânticos de carreira, quando Liverpool competia com Southampton como o porto de passageiros mais movimentado da Grã-Bretanha. Enormes vapores com várias chaminés diariamente entravam pelo rio Mersey ao encontro de trens de luxo vindos de Londres, repletos de gente abastada, que chegava com casacos de pele e baús de viagem. Em Ranelagh Place, o esplêndido Hotel Adelphi acabara de ser construído para assegurar uma transição indolor entre a terra firme e o navio, com seu pátio de palmeiras com dimensões titânicas, seus quartos parecidos com apartamentos de luxo, suas fundas piscinas com trampolins, suas cabeleireiras e massagistas.

Assim, Alf se fez ao mar como mensageiro no S.S. Montrose. Era, como cedo descobriu, uma vida à qual parecia ter sido destinado. Sua natureza amistosa e jovial o tornou popular entre os passageiros e os oficiais superiores, e o manteve no lado certo da máfia homossexual que dirigia os departamentos de comidas e bebidas do navio. "Lennie" - assim era conhecido a bordo - logo foi promovido a garçom de restaurante nos navios de cruzeiro que faziam a rota entre Liverpool e o Mediterrâneo. Nas horas de folga, divertia os colegas com canções e imitações nas apertadas e fétidas cabines comunais ou no bar da tripulação, conhecido em cada navio como "o Porco e o Apito". Sua especialidade (que seu pai Jack sem dúvida teria apreciado) era enegrecer o rosto com graxa de sapato e "fazer" Al Jolson, o genial menestrel cujas versões piegas de "Mammy" e "Dixie" vendiam milhões de discos na década de 1920 e no início da seguinte.

De certa forma, ele podia considerar que sempre estava sob os refletores, tanto ao servir pratos requintados para os grã-finos com reluzente jaqueta e luvas de garçom, como ao cantarolar "Sonny Boy", de Al Jolson, apoiado num joelho, com as palmas das mãos juntas, para deleite dos colegas de bordo impregnados de cerveja, ou voltando para casa em Copperfield Street carregado das iguarias contrabandeadas do navio que são a dádiva divina de todo garçom de bordo. Entre viagens, também, num ou noutro bar junto às docas, sempre podia encontrar uma audiência ansiosa para se regalar com histórias sobre os lugares e povos exóticos que ele tinha visto e a picante vida a bordo de um jovem garçom solteiro.

Apesar de todas as suas histórias de aventuras a bordo e animadas folgas em terra, parece que só existiu uma mulher para Alf Lennon. A certa altura de 1928, não muito depois de ter deixado o Bluecoat Hospital, ele passeava por Sefton Park, resplandecente num dos seus dois ternos novos, envergando um imenso chapéu-coco e fumando um barato Wild Woodbine elegantemente preso na ponta de uma piteira. Sentada sozinha num banco ao lado do lago ornamental estava uma garota com cabelos ruivos fofos e a estrutura facial óssea de uma jovem Marlene Dietrich. Quando Alf se aproximou para puxar conversa com ela, foi recebido com rajadas de risos zombeteiros. Percebendo que seu exagerado chapéu-coco era a causa, ele o arrancou da cabeça e o mandou chapinhando para dentro do lago. Assim começou seu longo e conturbado relacionamento com Julia Stanley.

Em Julia - conhecida alternadamente como "Juliet", "Judy" ou "Ju" - o destino emparelhou Alf com uma personagem que, em seu desejo de glamour e ânsia de divertir, quase se igualava a ele. Também Julia possuía uma voz de cantora acima da média e, ao contrário de Alf, tinha prática como instrumentista. Seu avô, outro escriturário de Liverpool tomado pelo vírus do palco, lhe ensinara a tocar banjo; além disso, ela sabia se safar no acordeão e no uquelele.

O talento musical, a personalidade e a graça encantadora de Julia faziam dela uma óbvia candidata ao palco profissional. Mas a dura caminhada exigida por uma carreira sobre as tábuas não era para ela. Quando deixou a escola aos quinze anos, foi meramente para assumir um emprego tedioso numa gráfica. Rapidamente o largou e se tornou lanterninha no cinema mais luxuoso de Liverpool, o Trocadero, em Camden Street. Tal como o trabalho de Alf no mar, era uma vida de glamour por procuração, circulando entre tapetes espessos e luzes mortiças, vestida num atraente uniforme com jaqueta de botões trespassados e chapéu pequeno quadrado.

Sua bela estampa atraiu muitos admiradores, e até o gerente do Trocadero, um personagem magnífico que usava traje a rigor o dia inteiro, também fizera várias tentativas para cortejar sua lanterninha favorita, deixando meias ou chocolates de presente no armário dela. Para uma sereia dessas, Alf Lennon, com seu chapéu e suas pernas curtas de Chico Marx não parecia uma grande presa.

Marilyn e JFK - François Forestier

O primeiro relato completo do amor secreto e trágico entre Marilyn Monroe e John F. Kennedyl.

marilyn e jfkSinopse:

"Marilyn e JFK", livro escrito pelo renomado crítico de cinema e romancista François Forestier. Nos tempos da Guerra Fria, Marilyn é o maior símbolo sexual dos EUA e Kennedy é o jovem e dinâmico senador que se prepara para chegar à presidência. Eles são lindos, carismáticos e lutam para manter em segredo um relacionamento amoroso de dez anos. Mas não há como escapar: o FBI grava as conversas entre ambos, a máfia instala câmeras na casa de Marilyn e a CIA vive mobilizada em torno deles --isso sem falar na espionagem da inimiga KGB. Rico em detalhes, emoção e humor negro, o livro revela uma história surpreendente de voyeurismo de Estado, chantagens, manipulações, eleições compradas e dinheiro ilícito. Por trás da imagem de loira fatal há uma pobre moça à beira da loucura, ninfomaníaca, viciada em drogas e apaixonada. E sob a máscara do jovem presidente bronzeado e popular, há um JFK obcecado pelo sexo, avarento, egocêntrico e vaidoso.

Origem: Livraria da Folha

Entrevista:

Matéria publicada no"O Estado de S.Paulo" em 13 de fevereiro de 2009.

O pecado sempre morou ao lado de Marilyn Monroe e John Kennedy
Para François Forestier, escritor,a atriz era uma suicida em potencial e a morte do presidente é segredo da CIA

Ele era adorado por sua simpatia, destemor e saudável bronzeado, mas não passava de um homem egoísta, constantemente doente e maníaco sexual. Ela era amada pela estonteante beleza, carisma e sex-appeal, mas era uma mulher depressiva, viciada em remédios e de higiene quase inexistente. John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) e Marilyn Monroe (1926-1962) ainda habitam o imaginário de milhões de pessoas como exemplos na política e no cinema. Mas não para o romancista e crítico de cinema francês François Forestier, que destrinchou a vida de ambos no livro Marilyn e JFK (tradução de Jorge Bastos, 216 páginas), que a editora Objetiva lança na terça-feira.

Durante seis anos, o maior símbolo sexual dos Estados Unidos e o senador que se tornou presidente tentaram manter em segredo um relacionamento amoroso. O caso não se tornou público por conta de precauções da imprensa, mas um farto material foi coletado pela espionagem da máfia, FBI e da inimiga KGB. Afinal, a América vivia a insanidade da Guerra Fria, o que justificava o voyeurismo do Estado, as chantagens, manipulações, eleições compradas e dinheiro ilícito.Forestier conta, logo na abertura do livro, que se valeu de um defeito crucial para ir fundo na pesquisa: uma má índole. De fato, o fel transborda em quase todas as páginas, na construção do retrato de um casal doentio.

Nascida Norma Jeane, Marilyn era uma manipuladora da piedade. Conhecida por comédias memoráveis como Quanto Mais Quente Melhor, ela era, na verdade, segundo Forestier, uma atriz egoísta, que não se importava com os colegas. Utilizava o sexo como forma de conquista, habitualmente acordando em lençóis estranhos. Também era viciada em remédios, que criavam um sono artificial e um universo fictício, que a levaram à morte.

Talhado para ser presidente da República pelo pai, Joe Kennedy, ele mesmo um homem racista e afundado em negócios sujos, John era um político que se esquivava de problemas importantes e se concentrava nas mulheres, inúmeras, que frequentavam sua cama, para sexo de, no máximo, 15 minutos. Terminou assassinado, caindo no colo da primeira-dama, Jacqueline, que suportava o adultério em troca da fama. Sobre essa face podre da América dos anos 1960, Forestier respondeu por e-mail às seguintes perguntas do Estado.

Como um chefe de Estado mantia relações sexuais com tantas mulheres, e, ao mesmo tempo, comandava uma nação?

Naqueles dias felizes, todos os jornalistas e escritores estavam cientes do fato de que o presidente exagerava, traindo sua mulher como um louco. Mas eles se sentiam obrigados a não comentar nada. Quando um cidadão enviou fotos de JFK com outra mulher, nenhum jornal publicou. Quando Phil Graham, o chefão do jornal Washington Post, declarou publicamente que o presidente colecionava affaires e amantes, nenhuma revista divulgou. Havia um consenso: a vida privada do presidente estava além dos limites. Mas, como Kennedy conseguia governar o país, é um mistério. Como vivia doente, ele funcionava adequadamente apenas algumas horas por dia, tirando uma soneca às tardes e divertidas sestas à noite... Alguém disse que JFK gastou metade do seu tempo perseguindo as mulheres, e a outra metade pensando nisso. Acho que ele era muito rápido, com certeza.

No prólogo, você confessa ter a má índole necessária para escrever tal livro. Era preciso tanto assim?

Sim. Se tentar dizer a alguém que Marilyn não era uma santa, mas uma mulher suja e manipuladora, você é olhado como louco. Se falar algo sobre a imoralidade de JFK, a mesma reação. Assim, para trazer a verdade, é preciso enfrentar preconceitos. E mau humor é um instrumento necessário. Sem isso, o jornalismo é possível. Meus melhores amigos são mal-humorados.

Marilyn Monroe tinha fama de ser uma mulher inteligente.

Não concordo. Ela era uma mulher astuta, mas para usar as pessoas, provocá-las, deixá-las enfeitiçadas por ela. Marilyn também não era profissional, deixava a equipe de filmagem esperando, não decorava suas falas e era totalmente inacessível. Não tinha respeito pelos colegas de trabalho. Fez também estranhas exigências para a Twentieth Century Fox e, quando se tornou produtora, foi péssima. Sua inteligência era um mito. Além disso, ela era mentalmente insana e, como atriz, logo decaiu. Acredito que, se vivesse mais alguns anos, Marilyn acabaria internada em uma clínica, como sua mãe.

Por seis anos, JFK e Marilyn se relacionaram. Era apenas sexo? A relação era sincera?

Acredito que, no início, era apenas sexo. Eles se conheceram quando JFK era um senador (casado) e Marilyn, uma starlet. Kennedy era incapaz de amar e Marilyn, incapaz de sustentar uma relação. Ambos eram carentes de amor. Em todo caso, descobriram uma forma de relacionamento. Ela lhe deu sexo, que foi seu melhor presente uma vez que era frígida (ela disse isso a seu analista); ele retribuiu com um sopro de energia e de esperança. Os dois eram desiludidos. De alguma forma, encontraram um raio de luz, algo que, por breves momentos, pareceu ser amor. Talvez eles tenham tido, durante um segundo apenas, uma verdadeira história de amor.

Seu livro traz alguma novidade sobre a morte de Kennedy?

Não, nenhuma. Mas traz novidade sobre sua vida: era um homem cuja moralidade era inexistente. Ele foi criado por um homem crente que o dinheiro podia comprar tudo e que seus filhos eram de uma casta superior. Um pai simpatizante do nazismo, além de gângster. Ele legou valores desvirtuados aos filhos. E suas filhas não eram nada. Quanto à morte do JFK, penso que houve uma diabólica aliança entre os exilados cubanos e a plebe. No mês anterior, houve dois atentados contra a sua vida, com o mesmo modus operandi: um atirador com experiência cubana e, à sombra, um grande chefão da máfia, provavelmente Carlos Marcello.

A política atual é diferente?

Sim. Pense no escândalo Clinton-Lewinsky. E Clinton não fez nem uma fração do que JFK estava acostumado. Estranhamente, os americanos se preocupam com a vida privada de seus líderes. Quando pararem com isso (como acontece na França, onde ninguém dá atenção com quem Mitterrand ou Sarkozy dormiram), então, a era dos escândalos sexuais estará sepultada. Quanto às "relações políticas", no sentido político, não, nada mudou. Eles serão sempre políticos - nada confiáveis para cuidar de seu cão por uma noite.


Dewey – Vicki Myron e Bret Witter

O gato que comoveu o mundo e mudou a rotina da pacata cidade de Spencer, Yowa, Estados Unidos.

deweyQue influência pode um animal ter? E quantas vidas pode um animal tocar? Conheça a maravilhosa história do gato que comoveu o mundo!
A história de Dewey começa da pior forma possível. Com apenas algumas semanas, na noite mais fria do ano, foi enfiado na caixa de devolução de livros da Biblioteca pública de Spencer. Encontrado na manhã seguinte, Dewey conquistou o coração de todos os funcionários da biblioteca, ao distribuir por todos gestos de agradecimento e amor.

Ernesto Guevara – Paco Ignácio Taibo II

Uma biografia minuciosa e detalhada, que revela na sua plenitude um homem sempre pronto para a luta.


ernesto-che-guevaraChe é um dos revolucionários mais conhecidos e admirados do mundo. Há mais de 40 anos de sua morte – e 80 anos de seu nascimento – seu compromisso com a história permanece um símbolo de rebelião, esperança e justiça. Ernesto Guevara, também conhecido como Che é uma biografia minuciosa e detalhada, que revela na sua plenitude um homem sempre pronto para a luta. Paco Ignácio Taibo II, a partir de um vasto material e recorrendo a textos do Che – fragmentos de cartas pessoais e públicas, diários, notas manuscritas, artigos, poemas, livros, discursos, conferências, declarações em atas, entrevistas, frases e testemunhos de companheiros –, faz do próprio Che o segundo narrador desta história. Este livro, escrito com grande intensidade e dedicação, por sua fidelidade histórica, é uma crítica contundente aos que querem separar Che de suas idéias e limitar sua herança a rótulos. Esta obra é também uma resposta aos que usurpam sua trajetória, adulterando-a, para golpear seus camaradas de armas. Após a leitura destas páginas, o mito reencontra o homem, seu pensamento e ação. Assim nos colocamos diante daquele que foi “o mais sóbrio praticante do socialismo” (Debray) e “o mais completo ser humano de nossa época” (Jean-Paul Sartre).

Marley & Eu – John Grogan

Um dos livros mais vendidos na atualidade, conta a inesquecível história entre uma família e seu cãozinho.

marley-e-euMarley & Eu: a Vida e o Amor ao Lado do Pior Cão do Mundo (em inglês Marley and Me: Life and Love with the World's Worst Dog) é um livro de não-ficção escrito pelo jornalista norte-americano John Grogan.

Através de uma narrativa em primeira pessoa, John Grogan relata a história real de seu cachorro da raça labrador americano chamado Marley e sua participação durante treze anos na sua vida.