Quem me Roubou de Mim? – Fábio Melo

Por meio de reflexões filosóficas, textos poéticos e histórias reais, o autor toca nosso entendimento e nossas emoções, convidando-nos a um mergulho em nossa subjetividade, afim de nos fazer conhecer a nós mesmos.

quem me roubou de mimQuem me roubou de mim? - O seqüestro da subjetividade e o desafio de ser pessoa.

A obra do autor Padre Fábio de Melo aborda, com grande profundidade, questões sobre relacionamentos e cita características do íntimo e da personalidade de um ser humano. O Padre consegue explicar a cada capítulo, como viver e conviver com as pessoas que passam pelo nosso caminho, sem que elas nos aprisionem.

Os primeiros capítulos do livro falam de um tipo de seqüestro existente no mundo particular do homem e o padre, no decorrer da narrativa, cita exemplos de como lidar com os limites da intimidade de cada pessoa e como isso pode refletir nas suas atitudes. O escritor explica também, o motivo pelo qual a maioria das pessoas escolhe ficar na condição de vítima em determinadas situações de suas vidas e como elas devem usar a solidão, a legitimidade da sua identidade e o medo ao seu favor.

Durante a história, fatos habituais da vida comum são citados em exemplos simples. O padre ajuda o leitor a entender sobre a necessidade do uso benéfico da liberdade, do cuidado que se deve ter ao se aproximar de pessoas com personalidades influenciáveis, da superação das idealizações de cada um, do mistério que envolve o mito do amor e o olhar de Jesus em cima de todas as coisas.

TRECHO DO LIVRO: “Amar é exercício de descobrir o que o outro tem de mais lindo, mas também de mais vergonhoso. Amores perfeitos só existem nas projeções. Ou nos jardins...”.

O final da narrativa traz alguns questionamentos essenciais para o entendimento do desafio de ser pessoa.

- Quem foram as pessoas que mais favoreceram seu crescimento afetivo, proporcionando-lhe uma relação em que pudesse entrar em contato com seus defeitos, qualidades e, conseqüentemente, lhe ajudaram no processo de tornar-se pessoa?

- Onde é que você pode identificar, nas páginas de sua história, os acontecimentos em que sua liberdade foi promovida por alguém?

- O contrário também precisa ser perguntado: quais foram as pessoas que mais deixaram marcas negativas dentro de você?

Essas são algumas das perguntas contidas no livro que ajudarão o leitor a compreender que o grande valor da sua identidade interior precisa ser preservado e que isso deve se tornar a análise mais importante de sua vida.

Origem: paroquiadecanela

Veja também: Entrevista com Padre Fábio de Melo

Vencendo o Passado – Zibia Gaspareto

Quantas vezes você se atormenta recordando acontecimentos desagradáveis do dia-a-dia que gostaria de se esquecer, mas que reaparecem como fantasmas interiores? Neste livro, os protagonistas enfrentam esse desafio com sucesso. Mas você terá ainda de enfrentar os seus.

vencendo o passadoO romance Vencendo o passado é ambientado em São Paulo (na cidade de Bebedouro e na Capital) e conta a história de Carolina e Sérgio, um jovem casal obrigado a enfrentar as imposições familiares no início do relacionamento. O engenheiro Augusto Cezar Monteiro trata os filhos - Carolina e Adalberto - com extremo rigor, planejando a vida deles com base em seus próprios princípios e conceitos, sem considerar as suas vontades e opiniões.
Ernestina, esposa de Augusto e mãe dos dois jovens, embora não concorde com as atitudes do marido é incapaz de contestá-lo ou enfrentá-lo, não obtendo, assim, o respeito dos filhos. Os laços espirituais, que os uniu em uma mesma família, são revelados no decorrer da história, mostrando como a vida trabalha em favor do progresso de cada um.

"Os problemas mal resolvidos do passado influenciam o presente, impedindo nossa confiança no futuro, inibindo nossa ousadia, limitando nosso progresso. Entendendo nossos pontos fracos, que lhes deram origem, teremos como melhorar nossas atitudes e vencer as influências que nos prejudicam", orienta a autora.

Zibia Gasparetto explica que podemos "vencer" o passado quando deixarmos de culpar os outros pelos nossos infortúnios, compreendendo que cada um é responsável por sua própria vida e por tudo o que acontece para si. "Em vez de enxergar os erros dos outros e tentar mudar as pessoas, temos que mudar é a maneira de nos relacionarmos com elas, abrindo as portas para o diálogo e para a compreensão. Nós não temos o poder de mudar as pessoas, mas podemos mudar as nossas atitudes com relação a elas", ensina.

Vencendo o passado tem 400 páginas e traz o selo da editora Vida e Consciência. Esse é o 24° romance escrito por Zibia Gasparetto e o 33° título publicado pela autora, ao longo dos seus 50 anos de carreira. Praticamente todos os seus livros são best sellers e figuram na lista dos mais vendidos durante meses após o seu lançamento. Para a autora, o sucesso de suas publicações deve-se às mensagens contidas em cada história que permitem aos leitores a melhor compreensão da vida e das possibilidades que ela sempre nos oferece de crescimento espiritual.

A família

Zibia Gasparetto explica que a espiritualidade está sempre ligada às nossas necessidades, auxiliando-nos na jornada terrena, principalmente por meio da intuição e de mensagens que nos façam refletir sobre as questões que afetam a nossa vida e a sociedade em geral.
Ao focar nas questões familiares, o romance Vencendo o passado busca provocar a reflexão sobre a necessidade do resgate da compreensão, do bom relacionamento, o que fará da família o ponto de apoio quando necessitamos de amparo para o enfrentamento de problemas ou para a superação de dificuldades.

"Nos últimos tempos a família anda muito abandonada, no sentido da falta de diálogo entre pais e filhos e vice-versa. Os pais trabalham, passam o dia fora e, quando chegam em casa, cansados, têm uma série de coisas para resolver, sem tempo para relaxar e relacionar-se com os filhos. Não há conversa sobre as necessidades internas de cada um. Não há mais cumplicidade. Os pais não expõem seus problemas aos filhos que, por sua vez, não contam sobre as suas angústias e sonhos para os pais", observa.

Para a autora, a família deve ser o nosso porto seguro. Para tanto, é importante que consigamos perceber a essência de cada um dos familiares que estão conosco nessa jornada, não por obra do acaso, mas para nos auxiliar a resolver as questões pendentes de outras encarnações e para nos enriquecer com novas experiências.

Origem: livrariaprosaeverso

A Arte da Guerra – Sun Tzu

A Arte da Guerra é considerada de grande importância nos escritos militares e estratégicos de toda a história da humanidade. Mais do que um livro militar, A Arte da Guerra é considerado um livro filosófico.

a arte da guerraA Arte da Guerra (chinês: 孫子兵法; pinyin: sūn zĭ bīng fǎ literalmente "Estratégia Militar de Sun Tzu"), é um tratado militar escrito durante o século IV a.C. pelo estrategista conhecido como Sun Tzu. O tratado é composto por treze capítulos, onde em cada capítulo é abordado um aspecto da estratégia de guerra, de modo a compor um panorama de todos os eventos e estratégias que devem ser abordados em um combate racional. Acredita-se que o livro tenha sido usado por diversos estrategistas militares através da história como Napoleão, Zhuge Liang, Cao Cao, Takeda Shingen, Vo Nguyen Giap, Mao Tse Tung e o general brasileiro Alberto Mendes Cardoso.

Desde 1772 existem edições européias (quatro traduções russas, uma alemã, cinco em inglês), apesar de serem consideradas insatisfatórias. A primeira edição ocidental tida como uma tradução fidedigna data de 1927.

A Arte da Guerra foi traduzido para o português por Caio Fernando Abreu e Miriam Paglia (1995).

Apesar da antiguidade da obra, nenhuma obra ou tratado é tão compreensível e tão atual quanto A Arte da Guerra.

Com seu caráter sentencioso, Sun Tzu forja a figura de um general cujas qualidades são o segredo, a dissimulação e a surpresa.

Edição de bolso americana de A Arte da Guerra.Hoje, A Arte da Guerra parece destinado a secundar outra guerra: a das empresas no mundo dos negócios. Assim, o livro migrou das estantes dos estrategistas para as do economista e do administrador.

Embora as táticas bélicas tenham mudado desde a época de Sun Tzu, esse tratado teria influenciado, segundo a Enciclopédia Britânica, certos estrategistas modernos como Mao Tsé-Tung, em sua luta contra os japoneses e os chineses nacionalistas.

Inclusive encontra-se nos escritos militares de Mao-Tse-Tung citações do livro A Arte da Guerra de Sun Tzu.

O general brasileiro Alberto Mendes Cardoso chamou o livro do Sun Tzu de clássico militar.

Capítulos

A obra é composta por 13 capítulos:
  1. Planejamento Inicial (始計, pinyin: Shǐjì)
  2. Guerreando (作戰, pinyin: Zuòzhàn)
  3. Estratégia ofensiva (謀攻, pinyin: Móugōng)
  4. Disposições (軍行, pinyin: Jūnxíng)
  5. Energia (兵勢, pinyin: Bīngshì)
  6. Fraquezas e forças (虛實, pinyin: Xūshí)
  7. Manobras (軍爭, pinyin: Jūnzhēng)
  8. As nove variáveis (九變, pinyin: Jiǔbiàn)
  9. Movimentações (行軍, pinyin: Xíngjūn)
  10. Terreno (地形, pinyin: Dìxíng)
  11. As nove variáveis de terreno (九地, pinyin: Jiǔdì)
  12. Ataques com o emprego de fogo (火攻, pinyin: Huǒgōng)
  13. Utilização de agentes secretos (用間, pinyin: Yòngjiàn)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Veja também: Artigo completo

O Monge e o Executivo – James Hunter

Não apenas se manteve como um campeão de vendas, tornou-se um dos maiores fenô­menos editoriais de todos os tempos no país. Está na lista de Época dos dez livros mais vendidos na área de auto­ajuda.

omongeeoexecutivoSinopse:

Leonard Hoffman, um famoso empresário que abandonou sua brilhante carreira para se tornar monge em um mosteiro beneditino, é o personagem central desta envolvente história criada por James C. Hunter para ensinar de forma clara e agradável os princípios fundamentais dos verdadeiros líderes.

O Monge e o Executivo
As lições da espiritualidade para o mundo do trabalho


Por João Luís de Almeida Machado
Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador

Desiludida e cansada a professora foi aos poucos desistindo de opinar e sugerir idéias na escola em que trabalha. Acomodou-se a rotina do dia a dia e resolveu agir da forma como tantos outros profissionais da área, passou simplesmente a dar suas aulas e esperar o tempo passar para que pudesse se aposentar. Inclemente como realmente é, o relógio não parou de dar suas voltas e os cabelos brancos e as rugas foram surgindo no rosto daquela mulher. Algumas boas histórias e lembranças ficaram da época em que foi professora e ia diariamente encontrar seus alunos, mas o que realmente ela legou a educação? O que ficou para cada um de seus alunos além dos conteúdos que ensinava?

O que levou a professora a adotar essa postura defensiva e retraída quanto à proposição de novas idéias e opiniões? Se pudéssemos perguntar a ela teríamos com certeza uma resposta muito clara quanto a isso: faltou estímulo por parte da direção, houve resistências às mudanças pelo corpo docente e, principalmente, as pessoas não pareciam dispostas a escutá-la.

Se pensarmos nisso teremos um breve resumo dos tópicos abordados no livro “O Monge e o Executivo”. O próprio título do livro nos desafia a uma breve reflexão. Há um evidente contraponto entre os personagens centrais. Temos por um lado o executivo e toda a sua necessidade de respostas certas e praticamente imediatas para que seus negócios sejam bem-sucedidos. Pensam muitos desses profissionais que é necessário passar para as outras pessoas toda a autoridade do cargo a partir de atitudes (muitas vezes arrogantes e autoritárias) e ações (que depreendam inteligência e velocidade de raciocínio).

Executivos têm que se vestir dentro de uma elegância sóbria porém ostentatória. Ternos bem cortados, de grifes conhecidas, gravatas importadas, sapatos de couro engraxados com esmero devem ser acompanhados por anéis, correntes, relógios, agendas eletrônicas, computadores de bolso e celulares de última geração.

Os monges, por sua vez, vivem de forma espartana e simples. Acordam cedo para meditar, rezar e refletir. Estão sempre em contato com a natureza e se dispõem a auxiliar nos trabalhos mais simples. Não vivem dentro de uma lógica materialista e, tampouco se sentem compelidos a rapidez que os tempos modernos parecem exigir de todos.

Tem como prática regular os estudos e o pensamento aprofundado e reflexivo. Acreditam que devem se dispor a ajudar sempre que possível os outros e, em muitos casos, disponibilizam tempo e recursos para que essas ações se concretizem. Pensam que para auxiliar é preciso antes de tudo conhecer e, para que tal intento se realize, aprenderam a ouvir atentamente o que os outros tem a lhes dizer.

Talvez “servir” seja a palavra-chave para melhor compreender as diferenças entre o monge e o executivo. Para os religiosos as relações humanas e o sucesso de seus empreendimentos em qualquer área passam necessariamente por uma atitude relacionada ao servir aplicada a todas as pessoas envolvidas numa comunidade ou trabalho.

Os gerentes e administradores em geral pensam que cabe aos outros o servir e a si mesmos a responsabilidade de comandar, liderar. Por esse motivo acabam, muitas vezes, se fechando as opiniões e idéias que vem de seus funcionários ou colaboradores por imaginarem que eles não têm preparo ou conhecimento para oferecer boas sugestões e projetos.

Fica um pouco mais fácil perceber então um dos motivos que levaram a professora a desanimar quanto à proposição de novas idéias, não fica? Há muitas escolas onde a direção se fecha tanto ao advento de projetos e planos que possam alterar o cotidiano que se repete, com certeza, o problema que se verifica em indústrias, prestadores de serviços, estabelecimentos comerciais ou empresas públicas.

Mas, não é sempre necessária uma liderança para empreender? A resposta para essa pergunta é muito evidente, claro que sim. Isso não quer dizer, no entanto, que essa liderança tenha que ser prepotente, arrogante e nem um pouco democrática. Os verdadeiros líderes não são aqueles que impõem uma idéia ou proposta, mas sim os que convencem os demais e os motivam a participar com vontade, disposição e garra desse empreendimento ao deixarem claro que o objetivo final desse trabalho é o bem comum.

Em “O Monge e o Executivo” aprendemos que esse conceito é tão antigo quanto à própria humanidade e que, efetivamente, suas definições se tornaram mais claras a partir da ação de Jesus Cristo. Seus pronunciamentos em favor do “amor ao próximo” são bem explicados no livro e superam o conhecimento de senso comum que se aplica a tão importante e fundamental princípio.

Exemplos como o de Martin Luther King e Mahatma Gandhi também são lembrados para demonstrar que, historicamente, grandes sucessos foram atingidos a partir de lideranças maduras, conscientes, sensíveis e que se prestavam a trabalhar em conjunto, ouvindo os demais participantes e servindo as causas e aos envolvidos.

O que foi conseguido na política ou na luta pelos direitos civis em âmbito nacional ou global também pode resultar em conquistas numa esfera local ou institucional. Para que isso aconteça é necessário que se superem paradigmas ou estigmas (como gostaria de caracterizá-los). Novas práticas e idéias confrontam hábitos há muito estabelecidos e, nesse caso, é importantíssimo que os empreendedores tenham muita disposição e coragem, pois os obstáculos com certeza surgirão.

Na maior parte dos casos as mudanças representam verdadeiras viradas de mesa e, por isso mesmo, causam reações de desconfiança e incerteza, principalmente entre aqueles que são mais devotados às antigas idéias e práticas.

A disposição para as mudanças passa, então, necessariamente, pela capacidade dos líderes demonstrarem com paixão e sentimento toda o seu interesse pelo projeto. A palavra mais correta para esclarecer essa relação apresentada no livro é amor. Amplia-se o termo, no entanto, para uma compreensão do mesmo não apenas como sentimento, mas sim como elemento de prática e ação.

Amar o projeto e aos participantes significa ser tolerante e coerente, ter capacidade de ouvir e de se dirigir aos outros de forma firme porém respeitosa e, principalmente, pensar e agir sem precipitações e com planejamentos bem definidos.

Há muitas outras lições nas páginas de “O Monge e o Executivo” que se aplicam à vida e ao trabalho de educadores e demais profissionais. É, inclusive, valioso para que ainda está estudando e busca uma formação que lhe possibilite uma boa colocação no mercado. Em uma de suas passagens, o autor James C. Hunter destaca o espírito do livro a partir de um ditado de índios americanos que ajudaria, com certeza, a professora do início do texto a entender um pouco da relação que devemos ter com o mundo no qual vivemos: “Quando você nasceu, você chorou e o mundo se regozijou. Viva sua vida de tal maneira que, quando você morrer, o mundo chore e você se regozije”.

Origem: planetaeducacao

Veja também: O monge que descobriu o Brasil

Entrevista com James Hunter

No Mundo dos Livros – José Mindlin

"No mundo dos livros" é um presente de Mindlin ao leitor: ele abre as portas de sua biblioteca íntima e convida cada um a criar a sua.

no mundo dos livrosSempre que, no Brasil, se fala em grandes amantes dos livros, responsáveis pela manutenção da memória da edição no país, José Mindlin é o primeiro nome a ser lembrado. E essa reverência tem fortes motivos. Dono de um acervo de aproximadamente 38 mil obras, formado ao longo de uma vida de paixão por livros, Mindlin não é um simples colecionador. Para ele, não se trata do valor de mercado de cada exemplar, mas de sua importância para a humanidade.

Depois de tantos anos de amor aos livros e à literatura, em que, além de leitor, foi amigo de grandes escritores brasileiros do século XX, como Carlos Drummond de Andrade, Guimarães Rosa, Pedro Nava e Guilherme de Almeida, o que tem para nos contar sobre os exemplares que povoam suas estantes, cada qual carregando uma lembrança? Em No mundo dos livros, enquanto expõe sua visão profunda sobre a importância da leitura e sua análise apaixonada de clássicos que lhe marcaram a vida, Mindlin ensina algo que não pode ser aprendido na escola. Aprendemos com ele que o amor pelos livros e pela literatura se constrói pelo exercício de escolher o que se lê e como se lê, criando uma outra biblioteca, que não é física, mas interior, construída pela relação afetiva com títulos, personagens, autores. No mundo dos livros é um presente de Mindlin ao leitor: ele abre as portas de sua biblioteca íntima e convida cada um a criar a sua.

Vídeo:

Simpósio Ave Palavra!

Origem: nomundodoslivros

No mundo dos livros de José Mindlin

Por Viegas Fernandes da Costa

Em “No mundo dos livros”, obra de poucas páginas e linguagem despretensiosa – uma “conversa”, como o próprio autor o define – Mindlin socializa conosco suas experiências de leitura, principalmente sob o aspecto afetivo, procurando incentivar o hábito da leitura e o culto a seu representante mais simbólico: o livro.

“No mundo dos livros” de José Mindlin

Nestes tempos em que tantos vaticinam o fim do livro, é sempre bom ler o que um bibliófilo tem acapa nos dizer, principalmente se este for um senhor absolutamente lúcido de 95 anos de idade e que constituiu uma das maiores e mais importantes bibliotecas particulares do Brasil. Trata-se de José Ephim Mindlin, advogado e empresário do setor metal-mecânico nascido em 1914, mesmo ano em que uma Europa assustada via a ruína da Belle Époque e, sobre seus escombros, a ascensão da primeira grande guerra mundial. Mindlin é também membro da Academia Brasileira de Letras e autor de “Uma vida entre livros” (1997), “Reinações de José Mindlin” (2008) e “No mundo dos livros” (2009), este último alvo de nossa leitura e comentário.

Em “No mundo dos livros”, obra de poucas páginas e linguagem despretensiosa – uma “conversa”, como o próprio autor o define – Mindlin socializa conosco suas experiências de leitura, principalmente sob o aspecto afetivo, procurando incentivar o hábito da leitura e o culto a seu representante mais simbólico: o livro. Na tentativa de se fazer o mais próximo possível do leitor, entretanto, José Mindlin peca na estrutura da sua narrativa. Em alguns momentos interrompe sua exposição para lançar ao leitor perguntas do tipo “quem é que o(a) levou aos livros?”, “você já leu algum desses livros?”, entre outras, dando-nos a impressão de falar a um público adolescente. Suas sugestões, porém, de títulos como “A retirada de Laguna”, de Alfredo d’Escragnolle Taunay, ou “O espírito das leis”, de Montesquieu, inevitavelmente acabam por exigir leitores mais experientes e minimamente disciplinados. Há então esta narrativa pantanosa, uma espécie de desconforto quanto ao tipo de leitor que “No mundo dos livros “ pretende alcançar.

Também em seu inventário de obras e autores que lhe marcaram a memória, Mindlin não corre riscos, e limita-se a sugerir uma bibliografia já canonizada. Assim, na poesia brasileira, por exemplo, sugere poetas como Gonçalves Dias, Castro Alves, Olavo Bilac, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, entre outros. Manoel de Barros e Adélia Prado são honrosas exceções. Cabe lembrar, a título de atenuante a esta pouca ousadia em não citar autores e obras de pouco ou nenhum reconhecimento, que a experiência de Mindlin a este pertence, e é desta experiência que fala “No mundo dos livros”.

Se há pecados, há também virtudes. Vale a pena conhecer um pouco mais da vida de bibliófilo de José Mindlin, como quando, já nas primeiras páginas, conta dos estratagemas de que lançava mão para conseguir comprar seus primeiros livros em sebos paulistanos, em 1927, aos 13 anos, e de como começa a qualificar suas aquisições, primeiramente procurando adquirir as obras completas do autor que apreciava, depois as primeiras edições e, por fim, as primeiras edições autografadas, transformando a sua biblioteca em algo único e precioso. Há nisto tudo verdadeira reverência não só ao objeto livro mas, fundamentalmente, à mão que o escreveu. Reverência exposta em trechos como este que aqui destacamos: “(...) comecei a procurar exemplares que tivessem passado mais diretamente pelas mãos dos escritores, com dedicatórias. Foi um novo mundo que se abriu para mim, uma espécie de contato direto com os autores e os leitores a quem os livros eram dedicados”.

Como dissemos lá em cima, nestes tempos em que tantos vaticinam o fim do livro, é sempre bom ler o que um bibliófilo tem a nos dizer. E a este nosso quase desamparo em meio ao universo de bits e bytes, consola-nos Mindlin quando diz que “o manuseio de um livro convencional não só estabelece o ritmo de aquisição de conhecimentos pelo autor, como chega a constituir um prazer físico”, e ainda: “o que aparece nas telas é necessariamente efêmero se não for transportado para o papel.”

Palavras de um apaixonado, sem dúvida!

Origem: Sarau Eletrônico

O Código da Inteligência – Augusto Cury

O autor descreve as armadilhas da mente que podem bloquear a inteligência.

o codigo da inteligencia"Sabemos muito pouco sobre o que é a inteligência, como lapidá-la, expandi-la e irrigá-la. Com a leitura de O código da inteligência, nossos olhos serão abertos para uma abordagem inovadora sobre a inteligência. Alunos, profissionais, pais, professores e médicos ficarão surpresos com esta fascinante obra do Dr. Cury. As cortinas do teatro psíquico se abrirão.

O código da inteligência vai provocar impacto no microcosmo da sua casa, nas escolas, nas empresas e no teatro social.

Em O código da Inteligência, Augusto Cury descreve de maneira instigante os códigos do eu como gestor psíquico, da intuição criativa, da autocrítica, do altruísmo, da resiliência (superação de crises). Esses códigos são capazes de estimular tanto jovens como adultos a libertar a criatividade, expandir a arte de pensar, desenvolver a saúde psíquica e a excelência profissional. Também descreve as armadilhas da mente em que facilmente caímos e que podem bloquear a inteligência.

Vídeo:

watch?v=OIyDksClgyg&feature=player_embedded

Origem: thomasnelson

John Lennon: A Vida - Philip Norman

Surpreendentes revelações até então desconhecidas sobre a vida e a personalidade de John Lennon.

john lennonJOHN LENNON: A VIDA, de Philip Norman (tradução de Roberto Muggiati; Companhia das Letras; 856 páginas)

Biografias de John Lennon existem às pencas. O diferencial do livro de Philip Norman – que já havia escrito uma biografia dos Beatles – foi retratar o autor de Imagine de uma perspectiva muito equilibrada, sem sensacionalismo, mas também sem beatificar o biografado. O livro é realmente completo: narra a trajetória dos Beatles e a carreira-solo de Lennon com uma atenção impressionante às minúcias, iluminando a personalidade surpreendentemente insegura e contraditória de John Winston Lennon. O músico teve uma infância problemática: desgarrado do pai e da mãe divorciados, viveu grande parte da infância com uma tia, Mimi, em Liverpool, experiência que lhe deixou a sensação de não ser amado. Reaproximou-se da mãe, Julia, na adolescência – e Norman levanta a hipótese, que não chega a provar, de que ambos poderiam ter tido uma experiência incestuosa. O cantor também se sentia atraído pelo companheiro Stu Sutcliffe (que morreu antes de os Beatles gravarem seu disco de estreia), mas se enfurecia se levantassem alguma dúvida sobre sua heterossexualidade. Norman exime-se de fazer análises mais profundas sobre esses demônios íntimos do cantor assassinado em 1980. Ele apenas apresenta os fatos e espera que o leitor tire suas conclusões.

Origem: veja.abril

Trecho de John Lennon: A Vida, de Philip Norman

1. Filho da guerra
Nunca me quiseram, na verdade.


John Lennon nasceu com um dom para a música e a comédia que o levariam muito mais longe de suas raízes do que poderia ter sonhado. Quando jovem, foi atraído para longe das ilhas Britânicas pelo glamour e a oportunidade aparentemente infinitos do outro lado do Atlântico. Alcançou o feito raro para um artista britânico de apresentar música americana para os americanos e tocá-la de modo tão convincente quanto um profissional nativo, ou ainda melhor. Durante vários anos, seu grupo excursionou pelo país, deleitando platéias em cidade após cidade com seus ternos berrantes, cabelos engraçados e contagiantes sorrisos de felicidade.

Este, naturalmente, não era o Beatle John Lennon, mas o seu avô paterno homônimo, mais conhecido como Jack, nascido em 1855. Lennon é um sobrenome irlandês - de O'Leannain ou O'Lonain - e Jack costumava dizer que havia nascido em Dublin, embora existam indícios de que, algum tempo antes, sua família tivesse atravessado o mar da Irlanda para se tornar parte da extensa comunidade hibérnica de Liverpool. Ali ele começou a ganhar a vida como escriturário, mas na década de 1880 seguiu um impulso comum entre seus compatriotas e emigrou para Nova York. Enquanto a cidade transformava outros imigrantes irlandeses em operários ou policiais, Jack virou membro da trupe Coloured Operatic Kentucky Minstrels [Menestréis Operáticos de Cor do Kentucky], de Andrew Roberton.

Por mais breve ou informal que tenha sido seu envolvimento, isto fez dele parte da primeira leva transatlântica de música popular. As trupes americanas de menestréis, em que brancos enegreciam o rosto, usavam colarinhos enormes e pantalonas listradas e entoavam refrões sentimentais sobre o Velho Sul, os "crioulos" e os "neguinhos", eram imensamente populares no final do século xix, seja como intérpretes seja como criadores de canções de sucesso. Quando os Coloured Operatic Kentucky Minstrels excursionaram pela Irlanda em 1897, o Limerick Chronicle os chamou de "os consagrados mestres mundiais da refinada arte dos menestréis", enquanto o Dublin Chronicle os considerou o melhor desses grupos que por lá passara. Um almanaque da época registra que a trupe contava cerca de trinta integrantes, incluía artistas negros genuínos entre os fictícios e se distinguia pelo fato de desfilar pelas ruas de cada cidade onde se apresentava.

Para esse John Lennon, ao contrário do neto que ele jamais conheceria, a música não trouxe fama mundial, mas foi um mero interlúdio exótico, cujos detalhes, em sua maioria, jamais chegariam aos ouvidos de seus descendentes. Em torno da virada do século, ele largou para sempre a estrada, voltou para Liverpool e retomou a antiga vida como escriturário, desta vez na companhia de navegação Booth. Com ele veio sua filha, Mary, único fruto de um primeiro casamento que não sobrevivera ao seu mergulho temporário no mundo da maquiagem com rolha queimada, música de banjo e aplausos.

Quando Mary o deixou para trabalhar como empregada doméstica, uma velhice solitária parecia estar reservada para Jack. Este, porém, escapou de tal destino ao casar com sua empregada, uma jovem irlandesa de Liverpool com o nome afortunadamente coincidente de Mary Maguire. Embora vinte anos mais moça e analfabeta, Mary - mais conhecida como Polly - se revelou uma perfeita esposa vitoriana, prática, trabalhadora e abnegada. Moravam em uma casa minúscula num conjunto de residências geminadas em Copperfield Street, em Toxteth, uma área da cidade apelidada de "Dickenslândia", tão numerosas eram ali as ruas batizadas com nomes dos personagens do escritor. Um tanto como Micawber em David Copperfield, Jack às vezes falava em voltar à vida de menestrel e ganhar o suficiente para que sua jovem esposa pudesse, como ele dizia, "peidar na seda". No entanto, dali em diante, sua atividade musical se restringiria aos pubs locais e ao seu próprio círculo familiar.

O casamento de Jack com Polly proporcionou-lhe uma segunda família com oito filhos. Dois morreram ainda bebês, o que a supersticiosa Polly atribuiu ao fato de terem sido batizados como católicos. Os outros seis receberam batismos protestantes e todos sobreviveram: cinco meninos - George, Herbert, Sydney, Alfred e Charles - e uma menina, Edith. Polly teve um trabalho heróico para alimentar a todos com o modesto salário de Jack. Mas sua dieta principalmente de pão, margarina, chá forte e lobscouse - um ensopado de carne e biscoito que faria com que os liverpudlianos ficassem conhecidos como scouses - carecia cronicamente de nutrientes essenciais. Isto afetou sobretudo o quarto menino, Alfred, nascido em 1912, que pouco depois de começar a andar contraiu raquitismo, o que prejudicou o desenvolvimento de suas pernas. O único tratamento conhecido pelos pediatras naqueles tempos era encaixar as pernas em suportes de ferro, na esperança de que o peso adicional promovesse o crescimento e o fortalecimento dos membros. Todavia, apesar dos anos que passou com o fardo dos suportes metálicos, as pernas de Alf permaneceram débeis e curtas, e ele não cresceu mais do que 1,62 metro. Ainda assim, era um rapaz bonito, com abundantes cabelos escuros, olhos alegres e o nariz característico da família Lennon, um bico fino virado para baixo com fendas acentuadas sobre as narinas.

O talento musical de Jack foi transmitido aos seus filhos em graus distintos. George, Herbert, Sydney, Charles e Edith eram cantores passáveis, e os meninos tocavam gaitas-de-boca, o único instrumento acessível a jovens naquelas circunstâncias. Alf, porém, revelava habilidade de ordem bem mais elevada, aliada ao que seu irmão Charlie (nascido em 1918) chamava de uma "vontade de se mostrar". Dava conta de todas as canções do teatro de variedades e das óperas ligeiras que freqüentavam a parada de sucessos da Primeira Guerra; sabia recitar baladas, contar anedotas e fazer imitações. Sua especialidade era Charlie Chaplin, o pequeno vagabundo anárquico cujos filmes cômicos haviam criado o fenômeno sem precedentes de um artista famoso no mundo inteiro. Em reuniões de família, Alf sentava-se no colo do pai com suas pernas de ferro e os dois cantavam juntos "Ave Maria", com lágrimas de emoção escorrendo pelo rosto.

Jack morreu de doença do fígado, provavelmente causada pelo alcoolismo, em 1921. Incapaz de sobreviver com a pensão de viúva proporcionada pelo Estado, de cinco xelins semanais por filho, Polly não teve outra saída senão lavar roupa para fora. Esse era um trabalho de quebrar as costas e escaldar as mãos: desde as quatro da manhã até o anoitecer, ela esfregava a roupa suja de cama e mesa de estranhos numa tábua de lavar e depois espremia os rolos de pano ensopado em uma pesada calandra de ferro. Ainda assim, lembra sua neta Joyce Lennon, a casa pequena e apertada estava sempre imaculada com "assoalhos nos quais dava para comer", o fogão e o forno religiosamente engrafitados toda segunda de manhã, a soleira na porta de entrada brunida até ficar quase branca e depois delineada em vermelho com uma lasca de arenito. Polly comandava seus cinco filhos como a sra. Joe em Grandes esperanças, não hesitando em castigá-los com uma correia de couro mesmo quando eram quase homens feitos. Como muitos liverpudlianos mais simples, ela tinha seu lado místico, acreditando ser médium, capaz de ler o futuro em cartas de baralho ou nos desenhos formados pelas folhas de chá no fundo de uma xícara.

Todavia, por mais que Polly trabalhasse duro, a tarefa de sustentar a prole de seis estava além de suas forças. Felizmente, encontrou-se um jeito de tirar Alf e Edith de suas mãos sem desagregar a família ou magoar seu feroz amor-próprio. Foram oferecidas a ambos vagas em regime de internato no Bluecoat Hospital, uma escola de caridade fundada em 1714 na Church Road, em Wavertree, nas proximidades de uma então obscura via pública chamada Penny Lane. Os alunos do Bluecoat ainda envergavam o uniforme adotado no século xviii, de casaca azul com botões dourados, calções amarrados nos joelhos, meias e plastrão. O nível educacional era alto, a disciplina não era inclemente e qualquer criança ali admitida era considerada afortunada. A despeito disso, foi traumático para Alf e Edith deixar o lar confortável e limpo em Copperfield Street e a mãe adorada. Dos dois, o jovial Alf ajustou-se melhor à vida da instituição: saía-se bem nas lições, tornou-se o mascote do time de futebol e divertia os companheiros de dormitório com os mesmos esquetes de canto e dança e de Charlie Chaplin que costumava fazer para a família e os vizinhos.

Desde a mais tenra infância, seu desejo era seguir o pai na vida artística. Certa noite, já com catorze anos, isso quase se tornou realidade quando o irmão Sydney o levou ao Teatro Empire em Lime Street para ver uma trupe juvenil de canto e dança chamada Will Murray's Gang. Terminado o espetáculo, Alf, na base da conversa, entrou nos bastidores e fez uma apresentação improvisada para Will Murray, o diretor da trupe, que imediatamente lhe ofereceu um emprego. Quando seus irmãos Herbert e George, agora in loco parentis, se recusaram a aceitar a idéia, Alf fugiu do Bluecoat Hospital e juntou-se à Gang, que estava a caminho de Glasgow para a apresentação seguinte. Mas um professor do Blue coat foi atrás dele, levou-o de volta e o submeteu a um ritual de humilhação diante de todos os colegas reunidos.

Um ano depois, o Bluecoat o jogou no mundo, equipado com uma boa formação, assim como dois ternos de calças compridas para confirmar seu ingresso no mundo adulto. Ele passou algumas semanas infelizes como contínuo antes de se dar conta de que uma carreira muito melhor - algo, na verdade, quase comparável a subir no palco - estava debaixo do seu nariz. Pois aquela era a época dourada dos transatlânticos de carreira, quando Liverpool competia com Southampton como o porto de passageiros mais movimentado da Grã-Bretanha. Enormes vapores com várias chaminés diariamente entravam pelo rio Mersey ao encontro de trens de luxo vindos de Londres, repletos de gente abastada, que chegava com casacos de pele e baús de viagem. Em Ranelagh Place, o esplêndido Hotel Adelphi acabara de ser construído para assegurar uma transição indolor entre a terra firme e o navio, com seu pátio de palmeiras com dimensões titânicas, seus quartos parecidos com apartamentos de luxo, suas fundas piscinas com trampolins, suas cabeleireiras e massagistas.

Assim, Alf se fez ao mar como mensageiro no S.S. Montrose. Era, como cedo descobriu, uma vida à qual parecia ter sido destinado. Sua natureza amistosa e jovial o tornou popular entre os passageiros e os oficiais superiores, e o manteve no lado certo da máfia homossexual que dirigia os departamentos de comidas e bebidas do navio. "Lennie" - assim era conhecido a bordo - logo foi promovido a garçom de restaurante nos navios de cruzeiro que faziam a rota entre Liverpool e o Mediterrâneo. Nas horas de folga, divertia os colegas com canções e imitações nas apertadas e fétidas cabines comunais ou no bar da tripulação, conhecido em cada navio como "o Porco e o Apito". Sua especialidade (que seu pai Jack sem dúvida teria apreciado) era enegrecer o rosto com graxa de sapato e "fazer" Al Jolson, o genial menestrel cujas versões piegas de "Mammy" e "Dixie" vendiam milhões de discos na década de 1920 e no início da seguinte.

De certa forma, ele podia considerar que sempre estava sob os refletores, tanto ao servir pratos requintados para os grã-finos com reluzente jaqueta e luvas de garçom, como ao cantarolar "Sonny Boy", de Al Jolson, apoiado num joelho, com as palmas das mãos juntas, para deleite dos colegas de bordo impregnados de cerveja, ou voltando para casa em Copperfield Street carregado das iguarias contrabandeadas do navio que são a dádiva divina de todo garçom de bordo. Entre viagens, também, num ou noutro bar junto às docas, sempre podia encontrar uma audiência ansiosa para se regalar com histórias sobre os lugares e povos exóticos que ele tinha visto e a picante vida a bordo de um jovem garçom solteiro.

Apesar de todas as suas histórias de aventuras a bordo e animadas folgas em terra, parece que só existiu uma mulher para Alf Lennon. A certa altura de 1928, não muito depois de ter deixado o Bluecoat Hospital, ele passeava por Sefton Park, resplandecente num dos seus dois ternos novos, envergando um imenso chapéu-coco e fumando um barato Wild Woodbine elegantemente preso na ponta de uma piteira. Sentada sozinha num banco ao lado do lago ornamental estava uma garota com cabelos ruivos fofos e a estrutura facial óssea de uma jovem Marlene Dietrich. Quando Alf se aproximou para puxar conversa com ela, foi recebido com rajadas de risos zombeteiros. Percebendo que seu exagerado chapéu-coco era a causa, ele o arrancou da cabeça e o mandou chapinhando para dentro do lago. Assim começou seu longo e conturbado relacionamento com Julia Stanley.

Em Julia - conhecida alternadamente como "Juliet", "Judy" ou "Ju" - o destino emparelhou Alf com uma personagem que, em seu desejo de glamour e ânsia de divertir, quase se igualava a ele. Também Julia possuía uma voz de cantora acima da média e, ao contrário de Alf, tinha prática como instrumentista. Seu avô, outro escriturário de Liverpool tomado pelo vírus do palco, lhe ensinara a tocar banjo; além disso, ela sabia se safar no acordeão e no uquelele.

O talento musical, a personalidade e a graça encantadora de Julia faziam dela uma óbvia candidata ao palco profissional. Mas a dura caminhada exigida por uma carreira sobre as tábuas não era para ela. Quando deixou a escola aos quinze anos, foi meramente para assumir um emprego tedioso numa gráfica. Rapidamente o largou e se tornou lanterninha no cinema mais luxuoso de Liverpool, o Trocadero, em Camden Street. Tal como o trabalho de Alf no mar, era uma vida de glamour por procuração, circulando entre tapetes espessos e luzes mortiças, vestida num atraente uniforme com jaqueta de botões trespassados e chapéu pequeno quadrado.

Sua bela estampa atraiu muitos admiradores, e até o gerente do Trocadero, um personagem magnífico que usava traje a rigor o dia inteiro, também fizera várias tentativas para cortejar sua lanterninha favorita, deixando meias ou chocolates de presente no armário dela. Para uma sereia dessas, Alf Lennon, com seu chapéu e suas pernas curtas de Chico Marx não parecia uma grande presa.

Marilyn e JFK - François Forestier

O primeiro relato completo do amor secreto e trágico entre Marilyn Monroe e John F. Kennedyl.

marilyn e jfkSinopse:

"Marilyn e JFK", livro escrito pelo renomado crítico de cinema e romancista François Forestier. Nos tempos da Guerra Fria, Marilyn é o maior símbolo sexual dos EUA e Kennedy é o jovem e dinâmico senador que se prepara para chegar à presidência. Eles são lindos, carismáticos e lutam para manter em segredo um relacionamento amoroso de dez anos. Mas não há como escapar: o FBI grava as conversas entre ambos, a máfia instala câmeras na casa de Marilyn e a CIA vive mobilizada em torno deles --isso sem falar na espionagem da inimiga KGB. Rico em detalhes, emoção e humor negro, o livro revela uma história surpreendente de voyeurismo de Estado, chantagens, manipulações, eleições compradas e dinheiro ilícito. Por trás da imagem de loira fatal há uma pobre moça à beira da loucura, ninfomaníaca, viciada em drogas e apaixonada. E sob a máscara do jovem presidente bronzeado e popular, há um JFK obcecado pelo sexo, avarento, egocêntrico e vaidoso.

Origem: Livraria da Folha

Entrevista:

Matéria publicada no"O Estado de S.Paulo" em 13 de fevereiro de 2009.

O pecado sempre morou ao lado de Marilyn Monroe e John Kennedy
Para François Forestier, escritor,a atriz era uma suicida em potencial e a morte do presidente é segredo da CIA

Ele era adorado por sua simpatia, destemor e saudável bronzeado, mas não passava de um homem egoísta, constantemente doente e maníaco sexual. Ela era amada pela estonteante beleza, carisma e sex-appeal, mas era uma mulher depressiva, viciada em remédios e de higiene quase inexistente. John Fitzgerald Kennedy (1917-1963) e Marilyn Monroe (1926-1962) ainda habitam o imaginário de milhões de pessoas como exemplos na política e no cinema. Mas não para o romancista e crítico de cinema francês François Forestier, que destrinchou a vida de ambos no livro Marilyn e JFK (tradução de Jorge Bastos, 216 páginas), que a editora Objetiva lança na terça-feira.

Durante seis anos, o maior símbolo sexual dos Estados Unidos e o senador que se tornou presidente tentaram manter em segredo um relacionamento amoroso. O caso não se tornou público por conta de precauções da imprensa, mas um farto material foi coletado pela espionagem da máfia, FBI e da inimiga KGB. Afinal, a América vivia a insanidade da Guerra Fria, o que justificava o voyeurismo do Estado, as chantagens, manipulações, eleições compradas e dinheiro ilícito.Forestier conta, logo na abertura do livro, que se valeu de um defeito crucial para ir fundo na pesquisa: uma má índole. De fato, o fel transborda em quase todas as páginas, na construção do retrato de um casal doentio.

Nascida Norma Jeane, Marilyn era uma manipuladora da piedade. Conhecida por comédias memoráveis como Quanto Mais Quente Melhor, ela era, na verdade, segundo Forestier, uma atriz egoísta, que não se importava com os colegas. Utilizava o sexo como forma de conquista, habitualmente acordando em lençóis estranhos. Também era viciada em remédios, que criavam um sono artificial e um universo fictício, que a levaram à morte.

Talhado para ser presidente da República pelo pai, Joe Kennedy, ele mesmo um homem racista e afundado em negócios sujos, John era um político que se esquivava de problemas importantes e se concentrava nas mulheres, inúmeras, que frequentavam sua cama, para sexo de, no máximo, 15 minutos. Terminou assassinado, caindo no colo da primeira-dama, Jacqueline, que suportava o adultério em troca da fama. Sobre essa face podre da América dos anos 1960, Forestier respondeu por e-mail às seguintes perguntas do Estado.

Como um chefe de Estado mantia relações sexuais com tantas mulheres, e, ao mesmo tempo, comandava uma nação?

Naqueles dias felizes, todos os jornalistas e escritores estavam cientes do fato de que o presidente exagerava, traindo sua mulher como um louco. Mas eles se sentiam obrigados a não comentar nada. Quando um cidadão enviou fotos de JFK com outra mulher, nenhum jornal publicou. Quando Phil Graham, o chefão do jornal Washington Post, declarou publicamente que o presidente colecionava affaires e amantes, nenhuma revista divulgou. Havia um consenso: a vida privada do presidente estava além dos limites. Mas, como Kennedy conseguia governar o país, é um mistério. Como vivia doente, ele funcionava adequadamente apenas algumas horas por dia, tirando uma soneca às tardes e divertidas sestas à noite... Alguém disse que JFK gastou metade do seu tempo perseguindo as mulheres, e a outra metade pensando nisso. Acho que ele era muito rápido, com certeza.

No prólogo, você confessa ter a má índole necessária para escrever tal livro. Era preciso tanto assim?

Sim. Se tentar dizer a alguém que Marilyn não era uma santa, mas uma mulher suja e manipuladora, você é olhado como louco. Se falar algo sobre a imoralidade de JFK, a mesma reação. Assim, para trazer a verdade, é preciso enfrentar preconceitos. E mau humor é um instrumento necessário. Sem isso, o jornalismo é possível. Meus melhores amigos são mal-humorados.

Marilyn Monroe tinha fama de ser uma mulher inteligente.

Não concordo. Ela era uma mulher astuta, mas para usar as pessoas, provocá-las, deixá-las enfeitiçadas por ela. Marilyn também não era profissional, deixava a equipe de filmagem esperando, não decorava suas falas e era totalmente inacessível. Não tinha respeito pelos colegas de trabalho. Fez também estranhas exigências para a Twentieth Century Fox e, quando se tornou produtora, foi péssima. Sua inteligência era um mito. Além disso, ela era mentalmente insana e, como atriz, logo decaiu. Acredito que, se vivesse mais alguns anos, Marilyn acabaria internada em uma clínica, como sua mãe.

Por seis anos, JFK e Marilyn se relacionaram. Era apenas sexo? A relação era sincera?

Acredito que, no início, era apenas sexo. Eles se conheceram quando JFK era um senador (casado) e Marilyn, uma starlet. Kennedy era incapaz de amar e Marilyn, incapaz de sustentar uma relação. Ambos eram carentes de amor. Em todo caso, descobriram uma forma de relacionamento. Ela lhe deu sexo, que foi seu melhor presente uma vez que era frígida (ela disse isso a seu analista); ele retribuiu com um sopro de energia e de esperança. Os dois eram desiludidos. De alguma forma, encontraram um raio de luz, algo que, por breves momentos, pareceu ser amor. Talvez eles tenham tido, durante um segundo apenas, uma verdadeira história de amor.

Seu livro traz alguma novidade sobre a morte de Kennedy?

Não, nenhuma. Mas traz novidade sobre sua vida: era um homem cuja moralidade era inexistente. Ele foi criado por um homem crente que o dinheiro podia comprar tudo e que seus filhos eram de uma casta superior. Um pai simpatizante do nazismo, além de gângster. Ele legou valores desvirtuados aos filhos. E suas filhas não eram nada. Quanto à morte do JFK, penso que houve uma diabólica aliança entre os exilados cubanos e a plebe. No mês anterior, houve dois atentados contra a sua vida, com o mesmo modus operandi: um atirador com experiência cubana e, à sombra, um grande chefão da máfia, provavelmente Carlos Marcello.

A política atual é diferente?

Sim. Pense no escândalo Clinton-Lewinsky. E Clinton não fez nem uma fração do que JFK estava acostumado. Estranhamente, os americanos se preocupam com a vida privada de seus líderes. Quando pararem com isso (como acontece na França, onde ninguém dá atenção com quem Mitterrand ou Sarkozy dormiram), então, a era dos escândalos sexuais estará sepultada. Quanto às "relações políticas", no sentido político, não, nada mudou. Eles serão sempre políticos - nada confiáveis para cuidar de seu cão por uma noite.


Dewey – Vicki Myron e Bret Witter

O gato que comoveu o mundo e mudou a rotina da pacata cidade de Spencer, Yowa, Estados Unidos.

deweyQue influência pode um animal ter? E quantas vidas pode um animal tocar? Conheça a maravilhosa história do gato que comoveu o mundo!
A história de Dewey começa da pior forma possível. Com apenas algumas semanas, na noite mais fria do ano, foi enfiado na caixa de devolução de livros da Biblioteca pública de Spencer. Encontrado na manhã seguinte, Dewey conquistou o coração de todos os funcionários da biblioteca, ao distribuir por todos gestos de agradecimento e amor.

Biografia de Paco Ignácio Taibo II

Um dos escritores mais prolíficos do México, já vendeu mais de meio milhão de cópias em todo o mundo com seu livro "Ernesto Guevara, también conocido como el Che".

paco ignacioPaco Ignacio Taibo II (nascido em 11 de janeiro de 1949 em Gijón, Asturias), nome de nascimento, Francisco Ignacio Taibo Mahojo, é um escritor e novelista espanhol.

Taibo vive na Cidade do México desde 1958, quando sua família fugiu da Espanha para escapar da ditadura fascista do general Francisco Franco. Taibo II (ou PIP, como ele gosta de ser chamado) é um intelectual de esquerda espanhol, historiador, professor, jornalista, ativista social, sindicalista e um escritor mundialmente famoso. Amplamente conhecido por seus romances policiais, ele é considerado o fundador do gênero neopolicial na América Latina e é o presidente da Associação Internacional de Escritores Policiais [1], [2]. Um dos escritores mais prolíficos no México de hoje, mais de 500 edições de seus 51 livros foram publicadas em 29 países e em mais de uma dúzia de idiomas, e incluem romances, narrativas, ensaios históricos, crônicas e poesias.