Ideais de Karl Marx

Foi um dos maiores pensadores revolucionários do século XIX.

A FILOSOFIA DE MARX

Por GRUPO:
Amanda Cavalheiro
Janine Alves
Juliana Giordani
Marcelo Cabanas
Marcus Baridó
Rodrigo Torres
COLÉGIO PEDRO II UNIDADE HUMAITÁ II
1998

karlmarxMATERIALISMO DIALÉTICO

Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a
dialética (do grego, dois lógos, duas opiniões divergentes), Marx defende o materialismo
dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.
A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (doutrina filosófica que nega a
realidade individual das coisas distintas do “eu” e só lhes admite a idéia), e a dialética do
materialismo é posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que
nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Ambas sustentam que realidade e pensamento são a mesma coisa: as leis do pensamento são as leis da realidade.


A realidade é contraditória, mas a contradição supera-se na síntese que é a “verdade” dos momentos superados. Hegel considerava ontologicamente (do grego onto + logos; parte da metafísica, que estuda o ser em geral e suas propriedades transcendentais ) a contradição (antítese) e a superação (síntese); Marx considerava historicamente como contradição de classes vinculada a certo tipo de organização social. Hegel apresentava uma filosofia que
procurava demonstrar a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx
apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas
da sociedade de classes e as exigências de superação.

Ludwig Feuerbach procurou introduzir a dialética materialista, combatendo a
doutrina hegeliana, que, a par de seu método revolucionário concluía por uma doutrina
eminentemente conservadora. Da crítica à dialética idealista, partiu Feuerbach à crítica da
Religião e da essência do cristianismo.
Feuerbach pretendia trazer a religião do céu para a Terra. Ao invés de haver Deus
criado o homem à sua imagem e semelhança, foi o homem quem criou Deus à sua imagem.
Seu objetivo era conservar intactos os valores morais em uma religião da humanidade, na
qual o homem seria Deus para o homem.
Adotando a dialética hegeliana, Marx, rejeita, como Feuerbach, o idealismo, mas,
ao contrário, não procura preservar os valores do cristianismo. Se Hegel tinha identificado,
no dizer de Radbruch, o ser e o deve-ser (o Sein e o Sollen) encarando a realidade como um
desenvolvimento da razão e vendo no deve-ser o aspecto determinante e no ser o aspecto
determinado dessa unidade.
A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da
realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas,
a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do marxismo: a realidade é
contraditória com o pensamento dialético. A contradição dialética não é apenas contradição
externa, mas unidade das contradições, identidade: “a dialética é ciência que mostra como
as contradições podem ser concretamente (isto é, vir-a-ser) idênticas, como passam uma na
outra, mostrando também porque a razão não deve tomar essas contradições como coisas
mortas, petrificadas, mas como coisas vivas, móveis, lutando uma contra a outra em e
através de sua luta.” (Henri Lefebvre, Lógica formal/ Lógica dialética, trad. Carlos N.
Coutinho, 1979, p. 192). Os momentos contraditórios são situados na história com sua
parcela de verdade, mas também de erro; não se misturam, mas o conteúdo, considerado
como unilateral é recaptado e elevado a nível superior.
Marx acusou Feuerbach, afirmando que seu humanismo e sua dialética eram
estáticas: o homem de Feuerbach não tem dimensões, está fora da sociedade e da história, é
pura abstração. É indispensável segundo Marx, compreender a realidade histórica em suas
contradições, para tentar superá-las dialeticamente. A dialética apregoa os seguintes
princípios: tudo relaciona-se (Lei da ação recíproca e da conexão universal); tudo se
transforma (lei da transformação universal e do desenvolvimento incessante); as mudanças
qualitativas são conseqüências de revoluções quantitativas; a contradição é interna, mas os
contrários se unem num momento posterior: a luta dos contrários é o motor do pensamento
e da realidade; a materialidade do mundo; a anterioridade da matéria em relação à consciência; a vida espiritual da sociedade como reflexo da vida material.
O materialismo dialético é uma constante no pensamento do marxismo-leninismo
(surgido como superação do capitalismo, socialismo, ultrapassando os ensinamentos
pioneiros de Feuerbach).

MATERIALISMO HISTÓRICO

Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das
sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente
econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a
infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a
superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas,
etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847) na qual estabelece
polêmica com Proudhon:
As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas.
Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a
maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais. O moinho a braço vos
dará a sociedade com o suserano; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo
industrial.
Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as
sociedades humanas, foi estabelecida por Marx e Engels dentro do permanente clima de
polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe
constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social:
da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos
desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente
determinantes.

EXISTENCIALISMO

“O que Marx mais critica é a questão de como compreender o que é o homem. Não
é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao
homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto
material quanto ideal, que diferencia o homem.”
A essência do homem é não ter essência, a essência do homem é algo que ele
próprio constrói, ou seja, a História. “A existência precede a essência”; nenhum ser
humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive, que
é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como
o homem produz o seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição de
existência não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O homem pode
fazer a sua História mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas. O homem é
historicamente determinado pelas condições, logo é responsável por todos os seus atos, pois
ele é livre para escolher. Logo todas as teorias de Marx estão fundamentadas naquilo que é
o homem, ou seja, o que é a sua existência. O Homem é condenado a ser livre.
As relações sociais do homem são tidas pelas relações que o homem mantém com a
natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de seu
próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suas condições materiais de
produção, que dependem de fatores naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja, relação
homem-Natureza, assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há
a relação homem-Natureza-Cultura.

POLÍTICA E ECONOMIA

Se analisarmos o contexto histórico do homem, nos primórdios, perceberemos que
havia um espírito de coletivismo: todos compartilhavam da mesma terra, não havia
propriedade privada; até a caça era compartilhada por todos. As pessoas que estavam
inseridas nesta comunidade sempre se preocupavam umas com as outras, em prover as
necessidades uns dos outros. Mas com o passar do tempo, o homem, com suas descobertas
territoriais, acabou tornando inevitável as colonizações e, portanto, o escravismo, por causa
de sua ambição. O escravo servia exclusivamente ao seu senhor, produzia para ele e o seu
viver era em função dele.
O coletivismo dos índios acabou; e o escravismo se transformou numa nova relação:
agora o escravo trabalhava menos para seu senhor, e por seu trabalho conquistava um
pedaço de terra para sua subsistência, ou seja, o servo trabalhava alguns dias da semana
para seu senhor e outros para si. O feudalismo, então, começava a ser implantado e
difundido em todo o território europeu. Esta relação servo-senhor feudal funcionou durante
um certo período na história da humanidade, mas, por causa de uma série de fatores e
acontecimentos, entre eles o aumento populacional, as condições de comércio (surgia a
chance do servo obter capital através de sua produção excessiva), o capitalismo
mercantilista, o feudalismo decaiu; e assim, deu espaço a um novo sistema econômico: o
capitalismo industrial (que teve seu desenvolvimento por culminar durante a revolução
industrial, com o surgimento da classe proletária). Assim, deve-se citar a economia inglesa
como ponto de partida para as teorias marxistas.
Como todo sistema tem seu período de crise, ocasionando uma necessidade de
mudança, Adam Smith (o primeiro a incorporar ao trabalho a idéia de riqueza) desenvolve
o liberalismo econômico.
Do latim liberalis, que significa benfeitor, generoso, tem seu sentido político em
oposição ao absolutismo monárquico. Os seus principais ideais eram: o Estado devia
obedecer ao princípio da separação de poderes (executivo, legislativo e judiciário); o
regime seria representativo e parlamentar; o Estado se submeteria ao direito, que garantiria
ao indivíduo direitos e liberdades inalienáveis, especialmente o direito de propriedades. E
foi isto que fez com que cada sistema fosse modificado.
Sobretudo também deve-se mencionar David Ricardo, que, mais interessado no
estudo da distribuição do que produção das riquezas, estabeleceu, com base em Malthus, a
lei da renda fundiária(agrária), segundo a qual os produtos das terras férteis são produzidos
a custo menor mas vendidos ao mesmo preço dos demais, propiciando a seus proprietários
uma renda fundiária igual à diferença dos custos de produção. A partir da teoria da renda
fundiária, Ricardo elaborou a lei do preço natural dos salários, sempre regulada pelo preço
da alimentação, vestuário e outros itens indispensáveis à manutenção do operário e seus
dependentes.
Pois, como foi dito anteriormente, com a Revolução Industrial surgiu a classe do
proletariado.

A LUTA DE CLASSES

Pretendendo caracterizar não apenas uma visão econômica da história, mas também
uma visão histórica da economia, a teoria marxista também procura explicar a evolução das
relações econômicas nas sociedades humanas ao longo do processo histórico. Haveria,
segundo a concepção marxista, uma permanente dialética das forças entre poderosos e
fracos, opressores e oprimidos, a história da humanidade seria constituída por uma
permanente luta de classes, como deixa bem claro a primeira frase do primeiro capítulo d’O
Manifesto Comunista:
A história de toda sociedade passado é a história da luta de classes.
Classes essas que, para Engels são “os produtos das relações econômicas de sua
época”. Assim apesar das diversidades aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam
essencialmente etapas sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção
econômica. Sobre esta base econômica se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias
econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas. Marx queria a inversão da
pirâmide social, ou seja, pondo no poder a maioria, os proletários, que seria a única força
capaz de destruir a sociedade capitalista e construir uma nova sociedade, socialista.
Para Marx os trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante,
ou seja, as idéias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as mesmas idéias que a
burguesia espalha. O capitalismo seria atingido por crises econômicas porque ele se tornou
o impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria um absurdo que a
humanidade inteira se dedica-se a trabalhar e a produzir subordinada a um punhado de
grandes empresários. A economia do futuro que associaria todos os homens e povos do
planeta, só poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Para Marx,
quanto mais o mundo se unifica economicamente mais ele necessita de socialismo.
Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é
decisivo são as ações das classes sociais que, para Marx e Engels, em todas as sociedades
em que a propriedade é privada existem lutas de classes (senhores x escravos, nobres
feudais x servos, burgueses x proletariados). A luta do proletariado do capitalismo não
deveria se limitar à luta dos sindicatos por melhores salários e condições de vida. Ela
deveria também ser a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos
trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder. Neste campo, o
proletariado deveria contar com uma arma fundamental, o partido político, o partido
político revolucionário que tivesse uma estrutura democrática e que buscasse educar os
trabalhadores e levá-los a se organizar para tomar o poder por meio de uma revolução
socialista.
Marx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, e que o
único jeito de uma pessoa ficar rica e ampliar sua fortuna seria explorando os trabalhadores,
ou seja, o capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o
seu patrão do que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta
necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei
fundamental do sistema.
A força vendida pelo operário ao patrão vai ser utilizada não durante 6 horas, mas
durante 8, 10, 12 ou mais horas. A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço
pelo qual o empresário compra a força de trabalho (6 horas) e o preço pelo qual ele vende o
resultado (10 horas por exemplo). Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e
quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. No
capitalismo moderno, com a redução progressiva da jornada de trabalho, o lucro
empresarial seria sustentado através do que se denomina mais-valia relativa (em oposição à primeira forma, chamada mais-valia absoluta), que consiste em aumentar a produtividade
do trabalho, através da racionalização e aperfeiçoamento tecnológico, mas ainda assim não
deixa de ser o sistema semi-escravista, pois “o operário cada vez se empobrece mais
quando produz mais riquezas”, o que faz com que ele “se torne uma mercadoria mais vil do
que as mercadorias por ele criadas”. Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de
valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza. Ocorre então a alienação, já que todo
trabalho é alienado, na medida em que se manifesta como produção de um objeto que é
alheio ao sujeito criador. O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o
operário se nega no objeto criado. É o processo de objetificação. Por isso, o trabalho que é
alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor
nele incorporado pela força de trabalho seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Em
outras palavras, a produção representa uma negação, já que o objeto se opõe ao sujeito e o
nega na medida em que o pressupõe e até o define. A apropriação do valor incorporado ao
objeto graças à força de trabalho do sujeito-produtor, promove a negação da negação. Ora,
se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação. Ou seja, a partir do
momento que o sujeito-produtor dá valor ao que produziu, ele já não está mais alienado.

BIBLIOGRAFIA:
  • Departamento de Filosofia, Edições didáticas Filosofia 2º ano. Rio de Janeiro, 1998.
  • CARREIRO, C.H. Porto. Marx Está Morto ? Rio de Janeiro: EDC. 1980.
  • MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Garamond.
  • 1998.
  • ALENCAR, Chico. Rebeldes com Causa. Rio de Janeiro: Garamond. 1998.
  • BATALHA, Wilson S. C. O Declínio dos Mitos e suas Origens. São Paulo: LTR. 1995.
  • Enciclopédia Mirador vol. 13. São Paulo. 1976
  • Enciclopédia Delta-Koogan Houaiss Digital vol.1. São Paulo. 1997.
  • Enciclopédia Larousse Cultural vol. 16. São Paulo. 1998.
  • Enciclopédia Digital Master. São Paulo: GLLC. 1998.
  • Enciclopédia Almanaque Abril – CD-ROM, 1998.
  • Apostila de História sobre Comunismo, Socialismo e Anarquismo (a Beatriz não deixou
  • a bibliografia da mesma !)
  • Jornais: Jornal do Brasil, O Globo e Inverta.

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